Diana

[Do romance Histórias Reais Seres Imaginários]

Diana era ninfomaníaca, e não gostava que eu ficasse por cima.

Já me esperava de banho tomado, com a toalha enrolada na cintura, os grandes seios à mostra. Conduzia-me pela escada caracol até o quarto de seus pais, onde se livrava da toalha e me despia.

Não alcançava bem o que era aquilo que inventávamos. Diana fazia com que me deitasse e vinha por cima. Seu corpo era maior que o meu. Mirava os seios brancos de bico claro — o esquerdo maior e com uma pinta — e sentia sua carne escorregando sobre meu quadril.

Éramos papai e mamãe. Na parte de baixo ficavam minha irmã e seu irmão, nossos filhos.

O quarto era o único cômodo na parte de cima da casa. Enquanto Diana cavalgava, o teto alto, o guarda-roupa, o girovisor, a televisão, o cinzeiro no criado mudo, o calendário e as fitas do vídeo cassete pareciam se estranhar. Tudo co-existia em completo estranhamento, como se fosses partes de vários outros quartos montadas num quarto só; o espelho do guarda roupa devolvendo nossos corpos nus, Diana rebolando enfática, a respiração aguda e cheia de gemidos, um transe.

Quando meus sentidos começavam a falhar e a ação se tornava absurda, distinguia o relógio sobre o criado-mudo e dizia, querendo encerrar com aquilo: Precisamos buscar as crianças!  Mas a prima me detinha sob suas pernas:mais um…

Eu tentava assumir a posição ativa, Diana se sentia pouco à vontade.

— Não — uma súplica e uma ordem— deixa que eu fico por cima

Minha mãe e Diana costumavam tomar Sol na laje colada ao quarto em que nos derretíamos. Trocavam risadinhas sensuais falando em meio-tom. Nunca interpelou nada sobre minhas tardes na casa da prima, só me lançava um olhar por cima dos ombros quando depois do almoço, a irmã e eu, íamos brincar com os primos na casa de trás.

Diana era uma mulher formada, a despeito de seus doze anos. De seios grandes e duros sobre o dorso largo. Os cabelos escorriam pelas costas, longos e molhados, as pernas subiam num ângulo convidativo para o tufo baixo de pelos. Não podia evitar, ela era um labirinto.

Eu experimentava a quentura de seu corpo me encobrir quando o mundo ruiu.

Uma vertigem se insinuou, subiu num formigamento pelas pernas e ganhou o peito. O coração datilografava absurdos, meu rosto contorcido de dor e outra coisa. Durou muito. Algo que fez embaralhar os sentidos.

Abri os olhos e fixei a pinta marrom no seio esquerdo: só ela existia. Tudo o mais girava, as coisas se amalgamando. Já não era o cinzeiro, o girovisor e o videocassete; não era o espelho, mas Diana. Vibrávamos. Segurei-lhe os ombros para tentar pará-la, o gozo explodiu. De dentro do meu mundo escuro e vago ouvi o grito percorrer a sombra de nossos corpos emergindo do líquido.

Só me libertei quando ela caiu pro lado, inundada de suor.

Quando entrei em casa, minha mãe tentou um interrogatório. Desvencilhei-me das perguntas padecendo de uma forte dor de cabeça, e mergulhei na cama, para um desmaio profundo.

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